Você já ouviu falar em alexitimia? O termo se refere à dificuldade de identificar e expressar emoções, algo que é bastante comum em pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No entanto, isso está longe de significar que o autista não sente emoções — pelo contrário, ele sente intensamente.
A diferença é a pessoa no TEA que pode ter dificuldade em reconhecer, nomear e comunicar o que está sentindo. Neste post, vamos entender melhor o que é alexitimia, como ela se manifesta e como a família pode ajudar.
O que é alexitimia?
A palavra “alexitimia” vem do grego e significa literalmente “sem palavras para as emoções”. Trata-se de uma dificuldade em reconhecer e descrever os próprios sentimentos, o que também pode dificultar compreender as emoções das outras pessoas.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e pesquisas recentes sobre o tema, a alexitimia não é um transtorno isolado, mas uma característica que pode estar presente em condições como o autismo, a depressão e a ansiedade.
Estudos indicam que entre 40% e 50% das pessoas autistas apresentam algum grau de alexitimia.
Como ela aparece no dia a dia
A alexitimia pode se manifestar de várias formas no cotidiano:
- A criança ou adolescente tem dificuldade em dizer se está triste, com raiva ou com medo;
- Pode reagir de maneira “fria” ou inesperada diante de emoções intensas;
- Às vezes, demonstra desconforto físico (como dor de barriga ou aperto no peito), mas sem conseguir relacionar isso a um sentimento;
- Pode não compreender de imediato as emoções dos outros, o que interfere na empatia social;
- Fala ou reage de forma lógica, mesmo em situações emocionais.
Essas dificuldades não significam falta de sensibilidade, e sim um processamento emocional diferente.
Clique aqui e confira um texto sobre como pessoas autistas demonstram afeto.
O que a alexitimia causa na vida do autista
Essa dificuldade de nomear e compreender sentimentos pode gerar frustração, ansiedade e isolamento.
Dessa forma, a criança pode se sentir confusa com o que sente e, por não conseguir expressar, acaba guardando tudo para si — o que pode resultar em explosões emocionais ou retraimento.
Na adolescência e vida adulta, a alexitimia pode afetar relacionamentos, pois o autista pode ter dificuldade em perceber o impacto emocional das próprias palavras ou ações, mesmo quando não há nenhuma intenção negativa.
Como a família pode ajudar
- Dar nome às emoções: ao longo do dia, fale sobre sentimentos. Exemplo: “Você parece bravo porque o jogo acabou” ou “Parece que está triste porque sente falta do amigo”.
- Usar recursos visuais: cartões, escalas de emoções ou expressões faciais ajudam a identificar sentimentos.
- Modelar comportamentos: mostre como você lida com suas próprias emoções — isso ensina mais do que explicações teóricas.
- Evitar julgamentos: se a criança reagir de forma inesperada, acolha em vez de repreender.
- Buscar acompanhamento especializado: a psicoterapia é uma aliada essencial no desenvolvimento da percepção emocional.
Neste post você aprendeu que a alexitimia no autismo não significa ausência de sentimentos — significa apenas que eles se manifestam de forma diferente.
Portanto, é papel da família e profissionais ajudar a criança a reconhecer o que sente e dar passos importantes no sentido do autoconhecimento, da comunicação e do bem-estar emocional.
Com acolhimento, paciência e o acompanhamento certo, é possível transformar o silêncio emocional em compreensão e conexão.
Para entender melhor o universo emocional do autismo e aprender estratégias práticas para o dia a dia, siga a Dra. Jaqueline Bifano no Instagram.







