A sexualidade é parte natural do desenvolvimento humano — e isso inclui as pessoas autistas. Ainda assim, o tema costuma ser cercado por silêncio, preconceitos e desinformação.
No entanto, falar sobre autismo e sexualidade é essencial para garantir autonomia, segurança e bem-estar emocional, especialmente na adolescência e na vida adulta.
Neste post, vamos entender por que esse assunto ainda é considerado tabu, quais as consequências do silêncio e como o diálogo aberto e o preparo da família e dos profissionais podem fazer toda a diferença.
Vamos lá? Boa leitura!
Por que o tema ainda é tabu
Existem diversos motivos que explicam a resistência em abordar a sexualidade de pessoas autistas:
- Preconceitos e estereótipos: ainda existe a ideia equivocada de que pessoas no espectro “não têm desejo” ou “não se interessam por relacionamentos”.
- Medo e falta de informação: muitos pais e profissionais se sentem despreparados para falar sobre o assunto de forma adequada.
- Visão infantilizada do autista: o estigma de que pessoas autistas “são eternas crianças inocentes” dificulta a compreensão de que elas também passam por transformações corporais e emocionais como qualquer outra pessoa.
- Ausência de educação sexual adaptada: as informações sobre corpo, limites e consentimento raramente são transmitidas em linguagem acessível para o público autista.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a educação sexual é parte fundamental do desenvolvimento saudável, devendo ser adaptada a cada faixa etária e necessidade.
As consequências do silêncio
Muitas pessoas pensam que evitar o tema protege o autista, mas a verdade é diferente é que a ausência dessa conversas podem trazer diversas consequências negativas, como:
- Dúvidas e inseguranças sobre o próprio corpo: sem informação, o adolescente autista pode não compreender mudanças físicas, desejos ou sentimentos, o que aumenta o medo e a confusão.
- Risco de exploração e relacionamentos abusivos: a falta de orientação sobre consentimento, privacidade e limites pode tornar o autista mais vulnerável a abusos.
- Isolamento e dificuldade de desenvolver intimidade: o medo de errar ou de ser rejeitado pode levar à evitação de vínculos afetivos e sociais.
O déficit na comunicação social e a falta de orientação sexual adequada estão entre os principais fatores de vulnerabilidade para adolescentes e adultos autistas.
O papel da família e dos profissionais
A informação é o caminho mais seguro. Falar sobre sexualidade com naturalidade e respeito permite que a pessoa autista desenvolva autoconhecimento e aprenda a reconhecer seus próprios limites.
Para isso, é importante que famílias e profissionais de saúde e educação recebam capacitação específica sobre o tema. Isso inclui:
- Compreender o desenvolvimento sexual dentro do espectro autista;
- Saber adaptar a linguagem para explicar temas como consentimento, higiene íntima e privacidade;
- Criar espaços seguros de diálogo, sem julgamento ou constrangimento;
- Trabalhar a autonomia, sempre respeitando o ritmo de cada pessoa.
O autismo envolve desafios na comunicação social e no comportamento adaptativo — por isso, a abordagem deve ser personalizada e contínua.
Em conclusão, a sexualidade faz parte da vida de todas as pessoas, inclusive das que estão dentro do espectro autista.
Assim, tratar o tema como tabu apenas aumenta os riscos e o sofrimento. Devemos focar no diálogo, no acolhimento e na capacitação dos profissionais e familiares como ferramentas fundamentais para promover autonomia, segurança e bem-estar emocional.
Para se informar mais sobre temas relacionados ao autismo e desenvolvimento emocional, siga a Dra. Jaqueline Bifano no Instagram e acompanhe conteúdos sobre saúde mental infantil e adolescente.







