Nos últimos anos, os psicodélicos têm ganhado destaque na psiquiatria como uma possível revolução no tratamento de diversas condições mentais.
Substâncias como LSD, psilocibina (presente nos “cogumelos mágicos”) e MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) estão sendo estudadas por suas propriedades terapêuticas.
Mas será que esses compostos podem realmente transformar a psiquiatria?
O que são psicodélicos?
Psicodélicos são substâncias que alteram a percepção, o humor e diversos processos cognitivos. Eles têm sido usados por culturas indígenas em rituais espirituais há milhares de anos.
No entanto, seu uso recreativo e a subsequente proibição nas décadas de 1960 e 1970 interromperam a pesquisa científica sobre seus benefícios terapêuticos.
A volta dos psicodélicos à ciência
Nos últimos anos, no entanto, a pesquisa sobre psicodélicos voltou com força total.
Estudos preliminares indicam que essas substâncias podem ser eficazes no tratamento de condições como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e dependência química.
Depressão
A depressão é uma das condições mais estudadas em relação ao uso de psicodélicos.
Um estudo publicado na Nature mostrou que a psilocibina pode ter efeitos antidepressivos duradouros. Os participantes relataram uma melhora significativa nos sintomas depressivos após apenas duas sessões de tratamento.
Ansiedade
A ansiedade, especialmente a ansiedade relacionada ao fim da vida em pacientes com doenças terminais, também tem sido alvo de pesquisas.
Um estudo da Johns Hopkins Medicine revelou que a psilocibina pode reduzir significativamente a ansiedade e o medo da morte em pacientes com câncer.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
O MDMA, conhecido popularmente como ecstasy, tem mostrado resultados promissores no tratamento do TEPT.
Uma pesquisa que saiu no Journal of Psychopharmacology indicou que o MDMA, quando usado em conjunto com terapia, pode ajudar os pacientes a processar traumas de maneira mais eficaz.
O caso dos canabinoides no tratamento do autismo
Além dos psicodélicos, os canabinoides também têm mostrado potencial terapêutico em diversas condições, incluindo o autismo.
O canabidiol (CBD), um composto não psicoativo da cannabis, tem sido estudado por seus efeitos positivos em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Um estudo realizado em Israel e publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders mostrou que o CBD pode melhorar sintomas como crises de raiva, hiperatividade e problemas de sono em crianças com autismo.
Os pais relataram uma melhora significativa no comportamento e na qualidade de vida de seus filhos após o tratamento com CBD.
Estudos adicionais
Outro estudo, publicado no Frontiers in Pharmacology, também investigou os efeitos do CBD em crianças com autismo.
Os resultados mostraram que a maioria dos participantes experimentou uma redução significativa nos sintomas de ansiedade e agressividade, além de melhorias na comunicação social.
O futuro dos psicodélicos e canabinoides na psiquiatria
Embora os resultados sejam promissores, ainda há muito a ser estudado. A legalização e regulamentação dessas substâncias são passos cruciais para que possam ser integradas de forma segura e eficaz na prática clínica.
Além disso, é necessária mais pesquisa para entender os mecanismos de ação e os possíveis efeitos colaterais a longo prazo.
Os psicodélicos e canabinoides podem não ser uma cura milagrosa, mas representam uma nova esperança para muitos pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
Com mais estudos e regulamentações adequadas, esses compostos têm o potencial de transformar a psiquiatria e oferecer novas opções de tratamento para diversas condições mentais.
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